Em agosto de 2024, cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para empresas de apostas via Pix, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). O valor médio gasto por pessoa foi de R$ 100, o que corresponde a aproximadamente 20% do total de R$ 14,1 bilhões repassados pelo governo no Bolsa Família durante o mesmo mês.
A análise do BC destacou que 70% dos apostadores são chefes de família, responsáveis por R$ 2 bilhões do valor total destinado às apostas. No geral, 17% dos beneficiários do programa participaram das apostas, confirmando uma tendência observada em outros levantamentos: as famílias de baixa renda são as mais afetadas pela proliferação dos jogos de azar e apostas esportivas.
Em declarações recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, expressou preocupação com o crescimento das apostas esportivas no Brasil. Ele alertou que o aumento da participação de beneficiários do Bolsa Família nesse tipo de atividade pode levar ao agravamento da inadimplência entre famílias de baixa renda. “A correlação entre pessoas de baixa renda e o aumento das apostas tem sido grande”, disse Campos Neto.
Os dados do BC também indicam que, ao longo de 2024, os valores mensais transferidos para empresas de apostas variaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. Estima-se que cerca de 24 milhões de brasileiros participaram de apostas, realizando ao menos uma transferência via Pix. A maior parte desses apostadores tem entre 20 e 30 anos. O valor médio das transferências aumenta com a idade, variando de R$ 100 por mês entre os mais jovens, até mais de R$ 3.000 para pessoas com mais de 60 anos.
Atualmente, há 520 empresas classificadas como operadoras de jogos de azar e apostas no Brasil. No entanto, o BC ressalta que muitas dessas empresas não utilizam nomes correspondentes aos divulgados na mídia e nem sempre estão devidamente classificadas no setor econômico apropriado, o que dificulta uma análise precisa do mercado.