De acordo com a mãe da vítima, Fabíola Manuel, o primeiro episódio ocorreu no dia 16 de outubro de 2024 em um condomínio em Ponta Grossa, Paraná. A situação teria começado quando o filho de uma visitante, de seis anos, pediu que o menino morador deixasse o parquinho, alegando que ele era “estranho e esquisito”. A mãe do menino também foi alvo de comentários semelhantes, sendo classificada como “esquisita” pelo visitante. Ao responder que não sairiam do local por serem moradores, o episódio foi encerrado naquele momento, mas deixou a família em alerta.
Segundo relato de Fabíola, no dia 27 de outubro a situação se agravou durante um evento no condomínio. Na ocasião, o pai do menino acompanhava o filho até a quadra quando o mesmo visitante, que estava no local para uma festa, teria fechado o portão e, em seguida, feito comentários ofensivos. Conforme o relato, o menino teria dito: “Preto aqui não entra. Olha como seu cabelo é feio, como sua pele é esquisita. Hã, que nojo de você!”. Ao procurar a mãe do visitante para esclarecer o ocorrido, o pai da criança foi surpreendido pela resposta, em que a responsável pelo menino minimizou o caso, tratando-o como um “desentendimento de crianças”.
A família, diante da gravidade das ofensas, acionou a polícia para registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.). Durante o registro, amigos da família que estavam acompanhando o caso, relataram terem ouvido o menino visitante gritar, aos prantos, que iria “matar todo mundo” e “não sossegaria até matar aquele preto”.
Em busca de apoio, Fabíola, que também é psicóloga, procurou o portal Em PG é Assim para comentar sobre o impacto psicológico desses episódios.
“Precisamos tratar com mais seriedade esse tipo de caso, pois o racismo impacta na saúde mental, podendo gerar estresse, ansiedade, depressão, autoestima prejudicada, isolamento social e complexo de inferioridade”, afirmou.
Ela explicou que a família, que morava no interior de São Paulo e se mudou para Ponta Grossa em 2019, e que o pai do menino é angolano. Fabíola também informou que o caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar, que alegou que investigará o episódio, ouvindo os pais do menino e a escola onde ele estuda.